Dermatite Atópica

A palavra dermatite significa pele inflamada. Atópica, refere-se a um grupo de doenças hereditárias que muitas vezes ocorrem juntas, como asma, rinite e dermatite atópica.

A dermatite atópica é uma condição crônica, não contagiosa, muito pruriginosa, mais comum em crianças do que em adultos. Geralmente inicia-se nos primeiros anos de vida e tende a melhorar na adolescência.

Entretanto, muitas pessoas continuam a ter dermatite atópica grave na idade adulta e esse percentual vem aumentando nas últimas décadas.

Uma característica marcante da doença é a coceira muito intensa, que leva o paciente a provocar feridas na pele e geralmente atrapalha significativamente o sono.

Cada paciente experimenta uma combinação única de sintomas, e os sintomas e a gravidade da doença podem variar ao longo do tempo, felizmente, na maioria dos casos a gravidade é leve e a doença é bem controlada com uso de medicamentos tópicos e hidratantes.

Sintomas

O principal sintoma da dermatite atópica é a coceira intensa (prurido) que leva o paciente a se machucar, ocasionando feridas, crostas e sangramento.

A coceira, muitas vezes insuportável, prejudica muito a qualidade de vida, especialmente o sono, a noite agitada com despertares frequentes compromete a capacidade de realizar as atividades diárias.

O paciente apresenta dor ao se movimentar ou quando o tecido da roupa encosta nas lesões, devido a pele machucada com escoriações e fissuras.

A pele é muito seca e descamativa apresentando deficiências na função de barreira, sendo mais fácil a infecção por bactérias e vírus. Quando as lesões estão muito inflamadas há exsudação (saída de líquido).

Um outro sintoma comum é a alteração no humor, incluindo ansiedade e depressão. Muitas vezes o paciente não sabe como lidar com a doença e procura se esconder, limitando suas interações sociais e sentido vergonha da própria pele.

Entenda melhor a Dermatite Atópica:

Qual a causa da dermatite atópica?
Um complexo grupo de fatores contribuem para o desenvolvimento da doença, um dos mais importantes é a predisposição genética. Sabemos que há uma incidência muito maior de dermatite atópica entre quem tem familiares com a patologia. Na dermatite atópica, a pele é muito seca, em decorrência de alterações na produção dos lipídios que formam a hidratação natural da pele, essa alteração resulta em deficiência na função de barreira da pele, predispondo a irritações e infecções de pele.

O sistema imunológico apresenta-se hiper-reativo, inflamando a pele, sendo a doença imunomediada, as células da imunidade têm papel fundamental no desenvolvimento da doença, isso tem sido evidenciado pelos resultados animadores dos novos medicamentos, que atuam modulando pontos específico do sistema imunológico.
Gatilhos

Diversas situações podem ser gatilhos para crises, com piora repentina da dermatite tais como alterações climáticas, não aderência ao uso dos hidratantes, contato com mofo e pó, banhos quentes, uso de sabonetes que ressecam muito a pele, contato com produtos de limpeza e substâncias irritantes, infecções e até mesmo o estresse ou alterações emocionais.

Diagnóstico
Não há um exame específico para diagnóstico da dermatite atópica. O médico dermatologista ao examinar a pele e avaliar o histórico de saúde do paciente determina o diagnóstico com base em alguns critérios clínicos, esses critérios foram estudados por dois importantes pesquisadores e recebam seu nome em homenagem, são os critérios de Hanifin and Rajka.

É importante que o paciente procure o dermatologista já nos primeiros sintomas, pois a coceira crônica leva a lesões espessas (liquenificadas) que são de mais difícil tratamento, além de possíveis infecções de pele e em alguns casos evolução para eritrodermia, quadro em que mais de 90% da pele está comprometida.

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Tratamentos

A escolha do tratamento depende da gravidade da doença, nos casos mais leves geralmente o uso de cremes hidratantes e corticóides tópicos é suficiente, já nos casos moderados e graves há frequentemente a necessidade de medicamentos orais e eventualmente de terapias avançadas como os biológicos e os inibidores da JAK.

Tratamento tradicional

Felizmente a maioria dos casos de dermatite atópica são bem conduzidos com uso de cremes de corticoide, hidratantes e anti-histamínicos. 

Algumas crises mais intensas podem necessitar de ciclos de antibióticos, pois muitos pacientes apresentam um aumento na população cutânea de Staphylococcus aureus, essa bactéria acaba estimulando o sistema imunológico a produzir mais inflamação, piorando a doença.

Tratamentos sistêmicos

Alguns casos mais graves de dermatite atópica necessitam de medicamentos imunossupressores, antes das terapias mais modernas, tínhamos a disposição apenas o metotrexato, a ciclospirina, a azatioprina e o micofenolato mofetil.

Medidas

Ainda não existe uma cura definitiva para a dermatite atópica, porém nos últimos anos, com a melhor compreensão dos fatores relacionados à doença, melhores opções de tratamento têm surgido.

Independente da gravidade da dermatite atópica é importante reconhecer os gatilhos de piora e na medida do possível evitá-los.

Algumas ações simples podem te ajudar a melhorar:

  • Evitar banhos muito quentes ou muitos banhos ao dia;
  • Tomar pelo menos um banho todos os dias;
  • Utilizar sabonetes adequados para dermatite atópica, que não ressequem muito a pele;
  • Utilizar religiosamente um hidratante específico para dermatite atópica todos os dias;
  • Evitar ao máximo se coçar;
  • Manter as unhas curtas para evitar se machucar ao se coçar;
  • Não utilizar buchas no banho;
  • Exposição saudável ao sol, cerca de 10 a 15 minutos por dia;
  • Uso de roupas adequadas, preferencialmente de algodão e largas;
  • Reduzir o estresse e praticar atividades relaxantes.

Tratamentos mais

MODERNOS

Biológicos

O dupilumabe é um anticorpo monoclonal totalmente humanizado, inibidor das interleucinas 4 e 13, foi o primeiro tratamento avançado aprovado para dermatite atópica no Brasil, atualmente (2022) está aprovado para uso a partir dos 6 anos de idade.

Em ensaio clínico fase III, envolvendo 1.379 pacientes adultos com DA moderada a grave que não estavam controlados com tratamento tópico, observou-se que o dupilumabe melhorou os sinais e sintomas da doença, incluindo prurido, ansiedade e depressão, com melhora importante na qualidade de vida dos pacientes.

É administrado por meio de uma injeção subcutânea, seu uso é crônico. É um medicamento seguro para tratamento dos casos moderados e graves de dermatite atópica, sendo os efeitos colaterais mais frequentes conjuntivite e eritema facial. 

Inibidores da JAK

O nome JAK deriva de Janus quinase, que são enzimas intracelulares envolvidas em
diversos processos fisiológicos e também em algumas doenças imunomediadas, como a dermatite atópica.

Essas enzimas funcionam como mensageiros intracelulares, levando informações de fora da célula para o núcleo, e assim causando inflamação na pele.

Essa classe de medicamentos trouxe um novo campo de tratamento para dermatite atópica, possibilitando modular a ação dessas substâncias envolvidas no processo patológico, interrompendo o ciclo inflamatório crônico da doença.

Uma das vantagens dessa classe de medicamentos é o rápido início de ação, já na primeira semana em uso o paciente apresenta redução significativa da coceira, com melhora significativa da qualidade de vida, além disso são medicamentos de uso oral.

Os estudos têm mostrado resposta sustentada as medicações mesmo após alguns anos de uso, é necessário realizar exames periodicamente de acompanhamento para avaliação de possíveis efeitos colaterais, porém essas medicações são consideradas seguras e têm aprovação da Anvisa e dos principais órgãos mundiais de controle.

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